segunda-feira, 1 de julho de 2013

EXTRA, EXTRA!!! DEU NO INFORMATIVO DO "OBSERVATÓRIO DA UNIVERSIDADE"



OBSERVATÓRIO DA UNIVERSIDADE

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A Portaria 343 do MEC sobre o Programa de Educação TutorialLuis Paulo Vieira Braga

Lançado como um programa formador de elites há mais de 30 anos por Cláudio Moura Castro (no que foi bem sucedido), abandonado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, mas mantido pelo empenho dos tutores com trabalho voluntário e emendas de parlamentares, o programa sobreviveu até o governo LULA,  tendo sido preciso questionar os dirigentes petistas para honrarem suas promessas de campanha. Relegado a um plano terciário no MEC foi transferido da CAPES para a SESU sem a menor infraestrutura. Apesar disso, o programa sobreviveu graças ao empenho do seu corpo de tutores (não cito nomes,  para não cometer injustiças), ao entusiasmo de seus alunos e aos expressivos resultados alcançados. O segredo do programa é a cultura de interdisciplinaridade e  visão abrangente  de suas atividades, representando a mudança de paradigma das aulas bancárias (transferência de conteúdo) para a resolução de problemas em equipes com alto grau de interatividade. O programa supera, a meu ver, as limitações dos programas de  monitoria, iniciação científica e estágio porque reproduz com mais realismo os desafios da vida acadêmica e profissional, evitando uma prematura especialização para aqueles discentes (a maioria) que querem uma vivência mais ampla antes de uma especialização com foco exclusivo.

Em abril desse ano, o Ministério da Educação publicou uma Portaria que traz esperanças e barreiras para o Programa. Em workshop, realizado na COPPE-UFRJ, nessa sexta-feira, dia 28 de junho, três grandes mudanças foram destacadas na Portaria 343: a) reconhecimento do mérito do programa, aumentando sua difusão (Inciso VII do Art.2 - contribuir para a consolidação e difusão da educação tutorial como prática de formação na graduação); b) descentralização do planejamento e da avaliação dos tutores (Parágrafo único do Art. 4  - O PET organizar-se-á administrativamente por meio de um Conselho Superior, de Comitês Locais de Acompanhamento e Avaliação e de uma Comissão de Avaliação); c) sistematiza o processo de seleção de tutores (Art. 12 da Portaria- o candidato a tutor deve comprovar atividades de graduação, pesquisa e extensão).  Ora, é preciso que hajam recursos para garantir a desejada expansão do programa. Sem um cronograma, um planejamento do número de bolsas preetendidas, tudo fica no terreno das boas intenções. A descentralização é bem vinda, mas isso significa encargos administrativos que o MEC estará transferindo para as IES, também nesse aspecto é preciso haver previsão de cargos e recursos. E finalmente, o mais importante, a seleção de tutores, que não deveria ser encarada como a busca de um super professor atuante nas obrigatórias três dimensões(ensino, pesquisa e extensão) que balizam as universidades no Brasil. Essa é uma visão arcaica pois a resolução de problemas é uma visão integrada, não fracionada da realidade. Muitos projetos de educação tutorial seriam rejeitados como projetos de extensão ou de pesquisa e seriam ainda considerados não apropriados para a graduação. A separação dessas dimensões é inadequada e representa uma barreira à modernização das universidades brasileiras. 

A comunidade de tutores não é unida, além disso os tutores mais antigos estão sendo compulsoriamente afastados do programa. Os sucessivos golpes que o programa recebeu, prejudicaram sua continuidade e memória. A submissão a parâmetros em detrimento da análise qualitativa leva muitos tutores a desenvolverem seus trabalhos em função de indicadores. Avaliar a educação tutorial com o mero somatório dos indicadores  do ensino, pesquisa e extensão é reduzi-la a um monstrengo com membros não proporcionais. É necessário uma escala própria para isso.

http://observatoriodauniversidade.blog.br

Um comentário:

Luiz Eduardo R. de Carvalho disse...

Esse é o trabalho da SBrET !!!
Educação Tutorial para além do PET !!!
Parabens ao Profº Luis Paulo Vieira Braga, autor deste artigo, e que não é Tutor, que não é ex-Tutor, que nunca recebeu bolsa da SESu ou da CAPES, e está aí trabalhando pela capilarização e afirmação da Educação Tutorial.