Tutor polêmico passa por processo atípico de expulsão
Professor da UFRJ foi impedido de apresentar recurso e professora, nomeada sem edital; ele acredita em retaliação
08 de junho de 2012 | 3h 07
O professor Luiz Eduardo de Carvalho, da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), está passando por um processo atípico de desligamento do cargo de tutor do grupo de Farmácia/Saúde Pública. Ele não pôde apresentar recurso à avaliação que baseou a expulsão. A UFRJ ainda nomeou outra docente como tutora sem realizar o processo seletivo obrigatório. Hoje, ela recebe a bolsa, mas Carvalho ainda tutoria os alunos - situação que já dura oito meses.
Mais de 40 tutores, bolsistas e egressos do Programa de Educação Tutorial (PET) assinaram abaixo-assinado em favor do professor. "Respeitar contratos e atos normativos é imprescindível para a vida em sociedade", cita o manifesto, levado à reitoria.
Na opinião de Carvalho, e também na de vários tutores, seu desligamento foi uma retaliação por conta de críticas que ele faz às falhas do PET em eventos, por e-mail a tutores e também no blog petbrasil08.blogspot.com.br. "A minha presença incomoda e querem me colocar para fora. Eles dizem que estou desligado, mas continuo trabalhando com os alunos."
O Ministério da Educação (MEC) nega que tenha havido retaliação e defende que o processo foi transparente. Mas a situação é estranha. O próprio MEC afirma: "Ele não é mais o tutor, embora continue realizando trabalhos com seus alunos", sem detalhar como essa situação seja aceitável. Outro argumento do MEC e da UFRJ é que Carvalho não tem título de doutor. Mas as regras do PET preveem mestres como tutores em casos de excepcionalidade - Carvalho foi admitido tutor com esse critério.
O processo começou com a avaliação negativa que o grupo de Carvalho, tutor há 22 anos, recebeu no último relatório, de 2009. Ele teria direito ao recurso, mas a UFRJ não o encaminhou. "Já tinha entregue na pró-reitoria e não enviaram ao MEC. Fui à ouvidoria, até agora nada."
A UFRJ diz que o caso vai ser avaliado na congregação do curso. Sobre o fato de uma professora ter sido nomeada sem processo seletivo, a universidade defende que se trata de "procedimento emergencial" - o que não é previsto nas regras do PET. O MEC reafirmou que todos os tutores devem passar por processo seletivo, mas continua pagando a tutora escolhida a dedo.
"Em todos os meses, nunca ouvi falar dessas coisas que surgiram agora com a apuração da reportagem", diz Carvalho. / P.S.
2 comentários:
Gostaria de perguntar aos dirigentes da UFRJ como se pode resolver "emergencialmente" uma situação, "proclamando" uma tutora sem processo seletivo, sem projeto, mas com uma conta bancaria aberta para receber por não trabalhar.
Quero também saber do MEC como pôde ter validado isso?!?
Aqui está claro que há um crime de prevaricação, no mínimo.
O ideal é punir os culpados dessa administração corrompida dos valores básicos dos recursos públicos e dar ao professor a chance de retornar ao seu grupo, que, parece, nunca se dissociou.
Bem... eu alertei a SESu sobre esse desvio financeiro.
A SESu me respondeu: "Isso não é problema. Se estiver mesmo acontecendo, depois ela vai devolver tudinho".
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