terça-feira, 7 de agosto de 2012

A VERGONHA DO PRO-IFES E SEUS REFLEXOS NO PET-IFES (EX-CENAPET sob a administração atual)


SOBRE O CINISMO MORAL E POLÍTICO DA ADUFC-PROIFES

O cinismo enquanto problema moral pode ser traduzido pela expressão de um
comportamento falso travestido de verdadeiro. O cínico faz crer ao seu
interlocutor que expressa o que acredita quando, na verdade, pensa algo
completamente diverso. O que assistimos no comportamento dos diretores do
Proifes-ADUFC é o cinismo não exclusivamente como problema moral, mas,
sobretudo, como problema político. Como questão da política contemporânea,
o cinismo é a adoção de falsas premissas na construção de uma agenda e
pauta de atuação. Se revisarmos alguns dos episódios que vivenciamos,
veremos que estávamos diante de cínicos nas concepções política e moral:

1) A ADUFC repetiu exaustivamente o discurso de que é a favor da
negociação. Quando o Governo abriu a possibilidade de negociação, membros
do Proifes se negaram a negociar e assinaram logo um acordo;

2) Os membros do Proifes-ADUFC sempre defenderam que respeitariam as
decisões da maioria dos colegas. Professores de 53 universidades federais
rejeitaram a proposta do Governo através de assembleias. Uma "consulta
eletrônica" (com número insignificante de votantes numa comparação com o
total de professores e sem qualquer transparência na apuração dessa
consulta) é usada como pretexto pelos diretores do Proifes para assinar um
acordo com o Governo;

3) Ao perderem uma votação durante a última assembleia, os diretores da
ADUFC se retiraram da assembleia quando deveriam ter continuado já que usam
o discurso do respeito à decisão das maiorias;

4) O Proifes-ADUFC defendia uma equiparação com os pesquisadores de órgãos
do Ministério da Ciência e Tecnologia. O Governo descumpriu todos os pontos
propostos pelo Proifes e, a partir de uma interpretação confusa, a ADUFC
lançou uma nota orientando os professores a aceitarem o acordo por todos os
pontos terem sido cumpridos;

5) O Governo apresentou uma proposta dizendo ser a única possível. Membros
do Proifes-ADUFC foram contrários à proposta. Vinte e quatro horas após a
reunião com o Governo em que as entidades sindicais rejeitaram a proposta
inicial, foi apresentada uma nova proposta sem mudanças significativas em
relação à anterior. O Proifes-ADUFC mudou o discurso. Por qual razão
mudaram o discurso se a proposta é praticamente a mesma em relação à
anterior. Agiam com sinceridade ou cinismo?;

6) O mais grave, nesse momento, parece-me o discurso da "democracia" que
viria com a realização do plebiscito. Primeiro, acho importante refletirmos
sobre o que está se chamando aqui de "democracia". Se a maioria dos colegas
for realmente a favor do acordo com o Governo e contra a continuidade da
greve, essa mesma maioria não precisa de plebiscito. Basta ir à Assembleia
e expressar isso. O falso dilema está em se acusar os que são contra o
plebiscito de serem anti-democráticos. Na verdade, o que querem é a
continuidade das negociações porque os pontos que fundamentaram a
deflagração da greve simplesmente não foram atendidos. Quem está sendo
anti-democrática é a direção da ADUFC que deveria continuar negociando e
defendendo a greve;

Ninguém é a favor de uma greve infindável. O razoável é que as entidades
sindicais continuem negociando a até, pelo menos, o final de agosto
avançando em alguns pontos e discutindo com os colegas professores onde é
possível flexibilizar em outros. Essa relação deve ser pautada pela
transparência. Aceitar simplesmente discursos como "estamos em crise
financeira internacional" e "não temos dinheiro", sem conhecer o real
quadro, é atuar com cinismo, pois o discurso pró-educação permeia discursos
políticos de membros do Governo já fa z algum tempo. O mais grave é que o
cinismo enquanto problema político rebaixa o nível da discussão para a
escolha entre "o ruim" e "o menos ruim", empurrando alguns colegas a
aceitarem equivocadamente qualquer ganho (e no caso dessa proposta não há
ganho algum) sob o temor de não conseguirem absolutamente nada (que é o
fato atual).

A velocidade dos acontecimentos exige ações precisas sob o risco de se
assumir uma falsa premissa como verdadeira e se pagar o preço pelo
rebaixamento ao nível que a ADUFC chegou, expressão máxima da falência de
um sindicato como estrutura representativa legítima, relevante e
independente. Literalmente, APEQUENOU-SE...

Luis Celestino
Professor do Campus Cariri (Comunicação Social – Jornalismo)

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