quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A ESSENCIALIDADE ...





A essencialidade do professor


Edição de 15/10/2008

Comemora-se hoje o Dia do Professor, um dos profissionais mais afligidos pela vida contemporânea em seu ambiente de trabalho - a sala de aula -, principalmente o que sobrevive do ensino fundamental e médio.
Tenta se atualizar, por exemplo, em meio aos avanços científicos e tecnológicos de sua especialidade.
Isso não é uma tarefa tão fácil, diante do tempo, dividido em três turnos, para se desdobrar profissionalmente em diferentes escolas para sobreviver a um salário incompatível com as necessidades básicas - saúde, alimentação, moradia, transportes, segurança - a serem resolvidas.
Não se desconhece e nem se ignora os esforços do governo, nos últimos anos, de adotar providências que pudessem tornar menos aflitiva a condição de vida pessoal e profissional do professor da educação básica da escola pública e particular, já que o professor universitário tem outros mecanismos para exercer a profissão e ser mais bem remunerado por meio de projetos de pesquisas, de consultorias empresariais, de assessorias governamentais, de elaboração de artigos e livros em geral.
Dentre as ações oficiais, destacam-se as que se referem a salários, material didático e tecnológico, alimentação escolar e bibliotecas o que ainda não significa o compromisso político com a educação.
Também não significa duma conformidade com o discurso dos professores e da própria sociedade, que não constata na prática um promissor desenvolvimento material e humano do País sem a imprescindível contribuição do ensino qualificado como fator determinante da educação política.
Neste Dia do Professor, renovam-se os eventos de praxe estimulados pelos discursos de louvação, de otimismos pedagógicos, de saudações oficiais, de mensagens transformadoras romantizadas em meio a almoços, jantares e festas de confraternização.
Para setores mais realistas sem serem pessimistas, repetem-se os chavões de que não há nada a comemorar.
Não há nada a comemorar, porque o ensino e a educação não fazem parte de uma política do Estado brasileiro o que significaria realmente um compromisso ético com a Nação ao longo dos anos.
A política educacional, nesse contexto, não se resumiria a ser apenas um projeto de partido ao assumir o governo por um período, daí a descontinuidade que marca o sistema educacional do País, sujeito a circunstâncias e conveniências partidárias com foco na manutenção de poderes.
Esse fato repercute decisivamente na profissão de professor, a partir das licenciaturas universitárias, que deveriam ser escolhas, opções e respostas a projetos pessoais e profissionais de futuros profissionais.
Tudo isso deveria ocorrer no contexto de uma política comprometida com a educação e com a cultura democrática e republicana a ser conquistada e construída pela sociedade.
A ausência dessa política nacional desestimula vocações e mediocriza o mercado docente.
Assim, a formação do professor seria uma resposta de cidadania aos alunos, aos pais, à comunidade e ao País.
O exercício docente seria o de decifrar, de desocultar, de pensar a realidade por meio da interdisciplinaridade do conhecimento, que levaria a uma reflexão em torno da condição de vida do brasileiro, que deve exercitar a liberdade para criar alternativa de bem-estar social para todos.
A sociedade espera neste Dia do Professor que o País experimente, no cotidiano, a prática do conceito de educação que é revelar o que está dentro de cada um - talento, imaginação, sensibilidade, solidariedade, enfim, todo um potencial humano a ser estimulado em sala de aula, para que o estudante responda aos apelos da cidadania exigida pelo País.
Esse é o Dia do Professor que convém ao Brasil para arquitetar um País livre, onde o povo decida como quer ser instruído para educar-se pela democracia.


(do Editorial do jornal O LIBERAL, disponível em

Nenhum comentário: